Todos sabem do fascínio causado pelo esporte nas pessoas. É uma manifestação cultural de grandes proporções.
O desporto basquetebol sempre teve grande destaque no mundo inteiro, primeiro sendo propagado pelos Norte- americanos, principalmente, através da bilionária NBA (National Basketball Association) e depois se espalhando e arrastando amantes a nível mundial.
No Brasil não foi diferente. Em pouco tempo esse esporte cheio de plasticidade e precisão se tornou o segundo mais apaixonante em nosso país, atrás, apenas, do imbatível futebol. O basquete brasileiro nos acostumou a glórias e a lançar grandes jogadores como os bons e velhos Oscar e Guerrinha... Entre outros que a história nos mostra. Mas na década de 90 vimos essa paixão diminuir assim como o brilho do nosso basquetebol. Ficamos de fora de várias olimpíadas, péssimas atuações em mundiais, problemas sérios e divergências na Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB). Comparando ao futebol não é muito diferente.
Em relação aos problemas internos, eu ainda moleque, achava estranha a ausência de nossos maiores craques da seleção. Aqueles que atuavam na Liga americana, feito Nenê, Varejão, Leandrinho. Jogadores que com toda certeza fariam a diferença.
Comecei a perceber que alguns conceitos precisavam ser mudados. O basquetebol se tornou moderno demais para pessoas que viviam um eterno retrocesso! Era necessária uma mudança profunda no "jogar brasileiro" e, principalmente, no espírito desse basquete. O comando da seleção me parecia meio ultrapassado, não pela incapacidade dos técnicos brasileiros, mas pela forma como ainda encaram o basquete. Ele evoluiu e nós não!
Nos últimos dez anos assistimos um vizinho/irmão ou hermano, crescer no cenário mundial de forma arrebatadora e nós só podíamos aplaudir. Fomos brindados com uma nova maneira de jogar basquete. A Argentina fazia história vencendo olimpíadas e derrotando os "Donos do mundo" (americanos). E o Brasil? O que fazia? Acredito que assistíamos tudo pela televisão!
Para nossa surpresa pousou em nossas quadras um cidadão chamado Rubén Magnano. Para quem respira basquete lembrará que este bigode vencedor era o homem que levara a Argentina ao topo. Agora, no Brasil, Rubén tinha um grande desafio, talvez maior que aquele da Argentina, já que nossos vizinhos já tinham um basquete de base estruturado. Magnano tinha de mudar o "jeitinho brasileiro" de jogar basquete. Tornar nossa seleção novamente motivo de orgulho.
O ano de 2010 está sendo ano de campeonato mundial de basquetebol, ótimo teste para entendermos o dedo de um campeão! Nos primeiros jogos não vimos muita diferença já que os adversários não apresentaram grande resistência. Na terceira rodada encaramos o "Dream team", bem verdade que sem as principais estrelas, mas era composto por jogadores da NBA, um grande time por sinal. Nessa partida pude comprovar que já não somos os mesmos. Os mesmos mecânicos, os mesmos medrosos, os mesmos "burocráticos". Somos uma equipe capaz de vencer qualquer um novamente.
Em um jogo memorável, em que os americanos venceram por dois pontos de diferença e que a imprensa americana classificou como "péssima" a atuação de sua seleção (arrogância lhes é própria), entendi que a maior mudança não teria sido tática ou técnica, mas sim de atitude! E não foi o basquete moderno que nos solicitou. Ter atitude de vencedor é próprio de um povo feito o brasileiro. Precisávamos de um argentino para nos mostrar o caminho que há tempos havíamos perdido a direção!